#MinhaMãeÉDessas

>> sábado, 7 de maio de 2011

Nem anjo, nem flor, nem modelo, dessas que aparecem na tv e nessas mensagens com flores que piscam no Orkut. Mamãe é mulher mesmo, de carne e osso.

Lembro da presença dela na infância reclamando sempre das brigas e picuinhas dos filhos, da preguiça pra tomar banho, da má vontade pra lavar um copo que fosse, de como a gente não ajudava em casa – Tudo eu nessa casa! Apaga a luz, vocês são donos da Light? Tá procurando por quê, você guardou aí? Você calada tá errada! Fica andando descalço, quando ficar doente não vou comprar remédio!-, mãe-sem-senso-de-humor, mãe chata mesmo, mas que tava lá, sempre, e comprava remédio sim, e ficava no quarto, e fazia compressa, e rezava pra febre baixar, e fazia sopa pra gente ficar forte.  Mãe tá em todas as memórias da infância. 

Mais tarde, lembro de ficar amiga da mãe, ouvir a história da sua vida, como eram meu avós, como ela cresceu, que brincava com boneca feita de espiga de milho - Quando eu tinha a idade de vocês eu cuidava dos meus irmãos mais novos, sabia arrumar casa, fazia tudo sem dar um pio - histórias de minha mãe, povoando uma memória de quando eu não-era, de um mundo sem mim.

Adolescente, eu descobria o mundo, a casa era aborrecida, e a mãe aparece na memória de novo reclamando – Quem é fulano de tal? Quem é o pai? Deixo vir buscar só se vier com a mãe, não anda com o pai dela sozinha! Vai fazer o que pra quem? Quem muito abaixa mostra a bunda! Devagar com o andor, minha filha, não me faça pegar nojo, não vai com muita sede ao pote, você só tem 15 anos, pelo-amor-de-deus! Seja mais cuidadosa, filha, tenha zelo pelas suas coisas! Não filha, não vai, não deixo. Vou chamar seu pai. – Briguei com a mãe, com o não da mãe, com a chateação dos irmãos, com a autoridade do pai. Mãe falou “não vai, não anda, não faz”. Fui fugida, andei escondida, fiz mentindo. 

Voltei pra mãe chorando, pedindo perdão, reconciliei, fomos mãe e filha uma da outra. Mãe e filha, amigas.

Mãe agora junta os amigos de todos os filhos em casa – Oferece um café pra visita! Ele é bonzinho, né? É gay? A mãe dele sabe? Essa menina é muito bobinha. Sujeito folgado! Sua mãe não tá te chamando não, meu bem? - Mãe agora ri, faz piada, zoa a gente e aprendeu a rir de si mesma também.

Mãe só quer trabalhar, ficar perto dos filhos, seus bebês, seu orgulho, mãe é toda amor, toda riso, companheira mesmo, briga, zoa, mas tem uma ternura que parece não conhecer limites... tô aqui, meu bem, tô aqui, filhinha, não chora, vai dar tudo certo, eu tô com você, deus há de cuidar de tudo...

Mãe... com quem eu divido minha rotina, pra quem eu peço a benção antes de sair de casa e pra quem eu digo eu te amo antes de dormir, todos os dias. Mãe que não é anjo, não é flor, mas é mulher de carne e osso como eu, melhorada pelo mistério da maternidade, mãe que eu nasci amando por que é minha mãe e aprendi a amar por que é maravilhosa.

Feliz "dia de dizer eu te amo" pra sua mãe! Pra minha mãe, isso é todos os dias.

3 comentários:

Jairfran 14 de maio de 2012 às 14:58  

-É, Light, Naclara. Devia ser CEB, pra se adaptar à realidade brasiliense, mas em carioquês o ditado fica mais chique. E tia Célia é chique, bem.
A propósito, o texto é muito bom e quase realista. Foi só um pouco condescendente com a mãe e com a filha :)

Marília 25 de maio de 2012 às 18:27  

nah, minha mãe é mais fabulosa que essa aí, mas parece e fala as mesma coisas

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