Poética do Sertanejo Universitário

>> segunda-feira, 9 de maio de 2011

(aviso: como dizia meu lendário professor de ITL, Gilson Sobral: hahaha, isto é apenas uma brincadeira, senhores!)

A primeira complicação que surge quando a gente definir uma poética desse estilo está no seu nome: Sertanejo Universitário. Sertanejo é o adjetivo que se refere a sertão. Universitário é o adjetivo que se refere a Universidade. Tem universidade no sertão? Fica a pergunta no ar antes que me acusem de fazer uma inferência preconceituosa contra os sertanejos de verdade.
Um estilo que já suscita tantas questões só pelo seu nome ainda tem muitas surpresas reservadas! Ou não? Vejamos, qual a temática freqüente dessas letras apaixonadas? Droga, entreguei pelo adjetivo: a paixão! Assim como em seu estilo-pai (o sertanejo romântico, a música de corno que todo mundo conhece e toca em todo churrasco dos seus vizinhos) e no seu estilo-avô (o modão sertanejo mesmo, que só toca no finzinho do churrasco, quando alguém se descuida do som e deixa o vô atacar de DJ), as traições ainda acontecem – o corno ainda tá ali - maaas (e é aí que entra a novidade do “universitário”), mas ele não vai pro bar afogar as mágoas com o velho amigo garçom, não. Ele (ou ela, vivemos em tempos de igualdade de gêneros!) vai pra farra, vai pro bar, vai afogar as mágoas no mundão veio sem porteira, regado a cerveja, vodka e energético!

O nosso universitário-sertanejo canta a libertação da dor-de-corno: fui traído? Fui! Mas não fiquei chorando pelos cantos, fui pra balada, enchi a cara e peguei todas, SUA VACA! E talvez seja essa bebida toda que dê a certeza pro recém-traído de que amanhã vai encontrar o ex arrependido pedindo pra voltar e vai poder dizer com todo gosto: não!

Vai ver é essa vontade universal de vingar que une fãs enlouquecidas das letras e dos cantores - que coloca no mesmo show lotado a sua prima de 15 anos que ainda está no Ensino Médio e a sua amiga (universitária de verdade) que poucos minutos antes da dupla do momento começar a tocar, era uma pessoa equilibrada.

Claro que isso não é tão inovador e a fórmula já tá até batida (tá aí o hit de 2001 baba baby que não me deixa mentir), mas agora é repetida à exaustão, tomando o lugar das luas e dos mares que antes eram oferecidos (e ainda podem ser, no início da relação), que são agora substituídos pelos gritos exaltados de chora, me liga, todo pranto que vc chorar pra mim é pouco, etc, etc. As mocinhas romantiquinhas e os rapazes enamorados ainda estão aí, mas o que movimenta essa paixão pela música, e o que define essa poética, é a força da vingança, da revanche sentimental, da vontade dela (ou dele, vivemos em tempos... ah, vocês já sabem) de gritar “EU SUPEREI, BABACA!", e partir pra outra conquista, agora desiludida com o seu primeiro amor romântico frustrado, decidida a “pegar sem se apegar”, e a viver com paixão o romance que sabe que só vai durar até a última música de  Jorge e Mateus ser repetida na balada country.

2 comentários:

Marília 9 de maio de 2011 às 13:48  

viu só, eu li sua bobinha :) heueheueehueheue funny!

Lais 9 de maio de 2011 às 19:46  

Muito bom, gostei muito, e me identifiquei, AEMEUDEUS...

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