Cine Clube Cult #2

>> sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ingmar Bergman e seu instrumento enorme
Como prometido, agora faço o comentário sobre os outros dois filmes da primeira edição do Cineclube. Morangos Silvestres é do sueco Ingmar Bergman. O filme é em sueco, então eu precisei confiar totalmente nas legendas. É em preto e branco, de 1957 e conta a história de um senhor que precisa viajar pra receber um título honorário por seus cinquenta anos de carreira. Na véspera da viagem ele tem um sonho em que aparece morto, e decide viajar de carro e não mais de avião. Durante essa viagem ele revisita o seu passado, os momentos mais marcantes da vida dele e reavalia sua trajetória e seus relacionamentos até ali. 

Professor Isak - Morangos Silvestres
O contato entre presente e passado se dá quando, no meio da viagem, ele encontra a velha casa que foi de seus avós, e a lembrança dos morangos silvestres que haviam no jardim faz com que esse passado se presentifique. (daí o título do filme ser morangos silvestres - uma outra forma de dizer "memória afetiva")

De 57 pra cá, essa história do velho meio ranziza que revê seus erros quando está perto da morte já foi filmada e refilmada muitas vezes, mas acho que ainda assim vale a pena ver o filme! A música é linda, tem um ar de sonho e de passado, e, claro, a gente começa a pensar na nossa própria trajetória até aqui. Pra quem é ou quer ser acadêmico, acaba sendo meio deprê. Isso porque o personagem principal, Professor Isak Borg faz pra si mesmo perguntas do tipo: "O que eu fiz até aqui? Consegui fazer com que alguém me amasse? De que adiantou tanto estudo? De que me serve esse Título? De que vale essa carreira como médico? Estou velho, sozinho e sou odiado...", forçando a gente a pensar na nossa própria vida...
Um filme bonito (a Suécia é linda!), com música bonita e de muita sensibilidade em relação à avaliação que se faz da vida quando se teme a morte, o juízo individual que cada um faz de seus arrependimentos, remorsos e expectativas. Gostei, não dormi, recomendo!

Luis Buñueeeeeel
O segundo filme foi O Anjo Exterminador, do cineasta surrealista mexicano Luiz Buñuel, brother do pintor espanhol Salvador Dalí. A historinha do filme é curta: a galera da high society tá reunida pra um jantar, todo mundo bonito, moçoilas tocando piano, rapazes contando anedotas, tudo do bom e do melhor. Tarde da noite uma parte dessa galera vai embora e a outra fica. Os que ficam vão ficando, vão ficando... e de repente começam a acreditar que eles ficaram porque não podem sair, afinal, se eles pudessem sair, já teriam saído. Entendeu?
Pois então, ninguém sai! os dias passam, a comida vai acabando, a água vai acabando, e principalmente, o respeito e a civilidade também...

A gente que tá assistindo se sente preso com eles também! Um dos recursos que o Buñuel usa pra fazer isso é a falta de cortes claros entre as cenas - a câmera se movimenta dentro do salão que vira prisão imaginária, indo de um diálogo para o outro, de um canto para o outro sem mudança de sequência, sem alternar com uma cena externa, sem dar um tempo pra gente respirar (como bem observou o segundo membro do cineclube, Jhonathan). Assim, acho que as reações/impressões são duas: a primeira de se sentir sufocado e preso também, e a segunda, de ver alguém errando e não poder fazer nada. Sabe aquela agonia que a gente sente quando vê aquele coleguinha que faz besteira, sabe que tá fazendo besteira, e mesmo assim não sai do erro porque não tem coragem ou porque acha que não consegue? (não sei vocês, mas isso me dá muita agonia!). Então, o sentimento é parecido. Porque a gente SABE que não tem nada impedindo que eles saiam, a gente quer que eles saiam, mas eles não saem! insistem na paranoia! AAAH, QUE VONTADE DE ENTRAR NA TELA E ENXOTAR ESSE POVO!

O Anjo Exterminador (com todo mundo arrumadinho ainda)
Luis Buñuel novinho, curte a cara de maluco!















Enfim, gostei também, recomendo, só não saquei o porquê do nome. Eu estava esperando realmente um anjo que viesse e matasse todo mundo, hehehe, mas não é bem isso que acontece. Se alguém souber o porquê do filme ter esse nome, compartilha com a coleguinha aqui.



Esses foram os primeiros filmes do CineClubeCult, domingo agora, dia 18, tem mais. Dessa vez teremos um gostinho de cinema italiano: Antonioni, Pasolini e Fellini (eu sei, parece nome de macarrão), e os filmes já serão coloridos! (aeeee) Os três são dos anos 60, e tem um que é do ano que mudou o mundo - 1968. Estão todos (todos que me conhecem e sabem onde eu moro, claro) convidados!


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